sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Declaração da Rede de Defesa do Milho

A Rede em Defesa do Milho está a promover a seguinte declaração contra os campos de cultivo experimental de milho transgénico no México


Ao povo do México
Aos povos do mundo

Ao governo do México

À Convenção sobre Diversidade Biológica / Protocolo Internacional de Cartagena sobre Biossegurança
À Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação / FAO

As organizações e comunidades indígenas e camponesas, ambientais, de educação popular, organizações de base, comunidades eclesiais, grupos de produtores, integrantes de movimentos urbanos, acadêmicos e cientistas, analistas políticos da Rede em defesa do milho rejeitamos energicamente o cultivo de milho transgênico no México. Trata-se de um crime histórico contra os povos de do milho, contra a biodiversidade e contra a soberania alimentar, contra dez mil anos de agricultura camponesa e indígena que legaram esta semente para o bem de todos os povos do mundo.

Declaramos que o decreto presidencial do dia 6 de março de 2009, que permite o cultivo de milho transgênico, intencionalmente desconsidera que:

O México é o centro de origem e da diversidade do milho. Existem mais de 59 raças reconhecidas e milhares de variedades, que serão inevitavelmente contaminadas.

Os povos indígenas e camponeses são os que criaram e mantêm esse tesouro genético do milho, um dos principais produtos agrícolas dos quais depende a alimentação humana e animal do planeta.

O milho é o alimento básico da população mexicana. Em parte alguma nenhum lugar o seu consumo cotidiano e em grandes quantidades tem sido estudado como no México. Existem estudos científicos que, com níveis muito menores de consumo, reportam alergias e outros impactos à saúde humana e dos animais alimentados com transgênicos.

As variedades de milho transgênico que se pretendem pretende cultivar no país não resolvem os problemas da agricultura mexicana: são mais caros, pois o custo das sementes e da licença são maiores do que os cultivos convencionais; não aumentam os rendimentos: são iguais ou até diminuem, a menos que haja uma forte incidência de plagas pragas que não são freqüentes no México; requerem mais pesticidas agrotóxicos, pois emitem produzem constantemente a toxina Bt, gerando resistência e pragas secundárias que é preciso controlar com outros pesticidas agrotóxicos.

Provocarão danos à diversidade biológica e ao meio ambiente: sendo o México um país extremamente diverso, nenhum estudo realizado em outras condições é aplicável, porque as variáveis e interconexões aumentam exponencialmente.
Sendo um cultivo de polinização aberta, é impossível evitar a contaminação transgênica do milho quando ele é cultivado a em campo aberto. A contaminação ocorre, também, nos armazéns, no transporte e nas indústrias.

Os transgênicos não servem para a agricultura camponesa nem orgânica, mas irremediavelmente contaminarão as variedades nativas e crioulas de milho, além de constituir uma ameaça à produção orgânica, a qual perderá o seu nicho de mercado.

Todas as sementes transgênicas estão patenteadas e são controladas por seis multinacionais (Monsanto, Syngenta, DuPont, Dow, Bayer, Basf), resultando em uma dependência absoluta dos camponeses e agricultores nessas multinacionais e na criminalização das vítimas da contaminação.

Os povos originários do México criaram o milho e têm sido os guardiões e os criadores da diversidade de variedades que atualmente existem. A soberania alimentar e a preservação dessa diversidade dependem da integridade dos seus direitos. Por isso, a contaminação transgênica é uma ferida à identidade dos povos mesoamericanos e um atentado contra dez mil anos de agricultura. O cultivo do milho transgênico é um ataque frontal aos povos originários e camponeses e uma violação dos seus direitos.

O milho, para os povos que constituímos o México, não é uma mercadoria, mas a origem de uma civilização e a base do sustento das vidas e das economias camponesas.
Não permitiremos que as nossas sementes se percam ou sejam contaminadas por transgenes de propriedade de empresas transnacionais. Não acataremos as leis injustas que criminalizam as sementes e a vida camponesa. Continuaremos cuidando o do milho e a da vida dos povos.

Responsabilizamos pela perda e pelos danos ao milho mexicano às corporações produtoras de sementes transgênicas; ao poder legislativo que aprovou a Lei de Biossegurança e Organismos Geneticamente Modificados (Lei Monsanto) para benefício das empresas; ao governo do México; aos secretários de Agricultura, do Meio Ambiente e da Comissão Inter-secretarial de Biossegurança dos Organismos Geneticamente Modificados (CIBIOGEM), que são os responsáveis pelas medidas finais para eliminar toda proteção legal do milho.

Para subscrever esta declaração acede a; http://endefensadelmaiz.org/Nao-ao-milho-transgenico.html

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