sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Apelo para acção internacional 12 Outubro 2009

Pela Soberania Alimentar e pela Cultura Tradicional de Milho do México

Convocamos a população a exigir que todos os alimentos que comemos diariamente sejam livres de transgénicos.Convocamos os organismos internacionais a condenar ao governo do México por esta violação dos direitos ancestrais dos camponeses, da biodiversidade, da soberania alimentar e do princípio de precaução em centros de origem de um produto básico para a alimentação e a economia mundial.

Dia 12 de Outubro 2009, protesta na embaixada do México contra o cultivo de milho transgénico no México!

Para propôr ou juntar-te a acções em Portugal contacta ogm@gaia.org.pt



Porque esta chamada para agirmos dia 12 Outubro?A Monsanto acabou de perder 18 dos 24 pedidos para cultivo experimental de milho transgénico em campo aberto nas regiões do norte do México.

Estas regiões são muito importantes para a Monsanto, pois são áreas de cultivo comercial das variedades tradicionais de milho, de onde sai a maioria do milho que alimenta a população mexicana.O risco de contaminação das variedades nativas de milho nestas regiões é enorme. A Monsanto está a pressionar o governo mexicano para utilizar essas áreas de cultivo para fazer testes experiementais de transgénicos em campo aberto, o que ainda não aconteceu, mas pode vir a acontecer muito brevemente...

No México, o dia 12 de Outubro é um feriado nacional em que se celebra o Dia da Raça. É um dia para se celebrar a cultura e tradições mexicanas, e nos últimos anos, este dia tem sido cada vez mais utilizado para reinvidicações sociais, protestos civis e em defesa das culturas indígenas.As variedades de milho tradicionais do México têm um valor incalculável, sendo muito importante defendê-las e protegê-las, pela biodiversidade de variedades que representam e enquanto património cultural e social do México.No presente contexto, devido à ameaça do milho e transgénico e das grandes corporações que produzem e comercializam estes transgénicos, as variedades tradicionais de milho do méxico estão muito fragilizadas e em risco de serem contaminadas e desaparecerem.A Vía Campesina começou em Junho uma campanha chamada ““Fuera Monsanto y No al Maíz Transgénico” no México. De dia 11 a dia 16 de Outubro irão realizar diversos protestos em várias regiões do país. A Rede em Defesa do Milho apoia a Via Campesa e irá entregar dia 16 de Outubro as assinaturas obtidas na Declaração, que colocaram online, ao governo mexicano. Nesse dia irão também realizar-se uma série de acções e conferências de imprensa.Devemos comunicar à Rede em Defesa do Milho as acções concretizadas dia 12 de Outubro em frente às embaixadas do governo do México, de modo a que as acções internacionais sejam notícia na imprensa e media mexicanos.Neste momento, devido a um clima interno de grande tensão no México, as acções internacionais realizadas pela Europa e noutros pontos do mundo, podem aumentar exponencialmente a ressonância e pressão para com o governo mexicano de modo a não ceder aos desejos da Monsanto, e podem apoiar de forma incondicional os grupos de acção anti-transgénicos no México.

Age já!

Por favor, envie todos os comunicados de imprensa, fotos e outros materiais de acções realizadas dia 12 de Outubro em frente às embaixadas do México, e de outras acções relacionadas perto dessa data, para a Rede em Defesa do Milho (http://www.endefensadelmaiz.org ) para que possam divulgar essas acções no México.Obrigado!

O seu apoio é precioso!

Declaração da Rede de Defesa do Milho

A Rede em Defesa do Milho está a promover a seguinte declaração contra os campos de cultivo experimental de milho transgénico no México


Ao povo do México
Aos povos do mundo

Ao governo do México

À Convenção sobre Diversidade Biológica / Protocolo Internacional de Cartagena sobre Biossegurança
À Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação / FAO

As organizações e comunidades indígenas e camponesas, ambientais, de educação popular, organizações de base, comunidades eclesiais, grupos de produtores, integrantes de movimentos urbanos, acadêmicos e cientistas, analistas políticos da Rede em defesa do milho rejeitamos energicamente o cultivo de milho transgênico no México. Trata-se de um crime histórico contra os povos de do milho, contra a biodiversidade e contra a soberania alimentar, contra dez mil anos de agricultura camponesa e indígena que legaram esta semente para o bem de todos os povos do mundo.

Declaramos que o decreto presidencial do dia 6 de março de 2009, que permite o cultivo de milho transgênico, intencionalmente desconsidera que:

O México é o centro de origem e da diversidade do milho. Existem mais de 59 raças reconhecidas e milhares de variedades, que serão inevitavelmente contaminadas.

Os povos indígenas e camponeses são os que criaram e mantêm esse tesouro genético do milho, um dos principais produtos agrícolas dos quais depende a alimentação humana e animal do planeta.

O milho é o alimento básico da população mexicana. Em parte alguma nenhum lugar o seu consumo cotidiano e em grandes quantidades tem sido estudado como no México. Existem estudos científicos que, com níveis muito menores de consumo, reportam alergias e outros impactos à saúde humana e dos animais alimentados com transgênicos.

As variedades de milho transgênico que se pretendem pretende cultivar no país não resolvem os problemas da agricultura mexicana: são mais caros, pois o custo das sementes e da licença são maiores do que os cultivos convencionais; não aumentam os rendimentos: são iguais ou até diminuem, a menos que haja uma forte incidência de plagas pragas que não são freqüentes no México; requerem mais pesticidas agrotóxicos, pois emitem produzem constantemente a toxina Bt, gerando resistência e pragas secundárias que é preciso controlar com outros pesticidas agrotóxicos.

Provocarão danos à diversidade biológica e ao meio ambiente: sendo o México um país extremamente diverso, nenhum estudo realizado em outras condições é aplicável, porque as variáveis e interconexões aumentam exponencialmente.
Sendo um cultivo de polinização aberta, é impossível evitar a contaminação transgênica do milho quando ele é cultivado a em campo aberto. A contaminação ocorre, também, nos armazéns, no transporte e nas indústrias.

Os transgênicos não servem para a agricultura camponesa nem orgânica, mas irremediavelmente contaminarão as variedades nativas e crioulas de milho, além de constituir uma ameaça à produção orgânica, a qual perderá o seu nicho de mercado.

Todas as sementes transgênicas estão patenteadas e são controladas por seis multinacionais (Monsanto, Syngenta, DuPont, Dow, Bayer, Basf), resultando em uma dependência absoluta dos camponeses e agricultores nessas multinacionais e na criminalização das vítimas da contaminação.

Os povos originários do México criaram o milho e têm sido os guardiões e os criadores da diversidade de variedades que atualmente existem. A soberania alimentar e a preservação dessa diversidade dependem da integridade dos seus direitos. Por isso, a contaminação transgênica é uma ferida à identidade dos povos mesoamericanos e um atentado contra dez mil anos de agricultura. O cultivo do milho transgênico é um ataque frontal aos povos originários e camponeses e uma violação dos seus direitos.

O milho, para os povos que constituímos o México, não é uma mercadoria, mas a origem de uma civilização e a base do sustento das vidas e das economias camponesas.
Não permitiremos que as nossas sementes se percam ou sejam contaminadas por transgenes de propriedade de empresas transnacionais. Não acataremos as leis injustas que criminalizam as sementes e a vida camponesa. Continuaremos cuidando o do milho e a da vida dos povos.

Responsabilizamos pela perda e pelos danos ao milho mexicano às corporações produtoras de sementes transgênicas; ao poder legislativo que aprovou a Lei de Biossegurança e Organismos Geneticamente Modificados (Lei Monsanto) para benefício das empresas; ao governo do México; aos secretários de Agricultura, do Meio Ambiente e da Comissão Inter-secretarial de Biossegurança dos Organismos Geneticamente Modificados (CIBIOGEM), que são os responsáveis pelas medidas finais para eliminar toda proteção legal do milho.

Para subscrever esta declaração acede a; http://endefensadelmaiz.org/Nao-ao-milho-transgenico.html